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Os 60 anos de debates presidenciais nos EUA




O primeiro debate televisivo opôs o candidato democrata John F. Kennedy ao então vice-presidente republicano Richard Nixon, que se candidatava devido ao facto de o Presidente Eisenhower já ter cumprido os dois mandatos legalmente admitidos. Nixon recuperava de uma ida ao hospital e tinha uma Five O'Clock Shadow - como os norte-americanos designam uma barba de algumas horas - que ficou para a história, por Nixon ter recusado maquilhagem.

Kennedy pareceu sempre mais solto e à vontade com as câmaras, enquanto Nixon suava e dava uma imagem de um político em dificuldades. Os 70 milhões de espectadores concentraram-se no que viram mais do que naquilo que ouviram. E Kennedy ganhou a eleição.

1976. Carter contra Ford

No primeiro debate na TV em 16 anos, o democrata Jimmy Carter enfrentou o Presidente republicano não eleito, Gerald Ford. Em comentários que ficaram vistos como um grande erro político, Ford disse a determinada altura: “Não há domínio soviético na Europa Oriental e nunca haverá sob uma administração Ford”. Carter ganhou essa eleição.

1980. Reagan contra Carter

Carter apareceu apenas no segundo debate presidencial dessas eleições, frente ao republicano Ronald Reagan, após boicotar o primeiro por incluir o candidato do terceiro partido, John Anderson. O Presidente acusou Reagan de planear cortar o financiamento da Saúde para os idosos. Reagan, que já se tinha queixado de que Carter estava a deturpar as suas posições em várias questões, disse: “Lá vem você de novo”.... E riu-se, arrancando risos do público e cunhando uma frase que ecoou no eleitorado. Reagan venceu a eleição.

1984. Reagan contra Mondale

O Presidente republicado, de 73 anos, desarmou com sucesso a questão da sua idade no debate com o democrata Walter Mondale, de 56 anos, fazendo virar o feitiço contra o feiticeiro: “Quero que saiba que também não vou fazer da idade uma questão desta campanha. Não vou explorar, para fins políticos, a juventude e a inexperiência de meu oponente, “Reagan foi reeleito.

1988. Bush contra Dukakis

O debate entre o então Vice-presidente republicano George H. W. Bush e o democrata Michael Dukakis começou com este a ser questionado sobre se seria a favor da pena de morte para alguém que violasse e matasse a sua esposa. A pergunta oferecia a um candidato apelidado de “homem de gelo” pelos críticos, a hipótese de mostrar o seu lado emocional. A sua resposta demasiado técnica fez exactamente o oposto. Bush ganhou a eleição.

O debate entre candidatos à Vice-Presidência ganhou relevo quando Dan Quayle, 'vice-presidente' de Bush, comparou-se politicamente a John F. Kennedy. O democrata Lloyd Bentsen respondeu, em tom baixo e grave: “Senador, servi com Jack Kennedy (como John F. Kenedy também era conhecido pelos próximos). Eu conhecia Jack Kennedy. Jack Kennedy era um amigo meu. Senador, você não é Jack Kennedy. ~

1992. Três no palco

O debate ficou marcado pela presença de três candidatos à Casa Branca, com Bush, o Presidente republicano em exercício, o democrata Bill Clinton e o independente Ross Perot a dividirem o palco. Clinton ganhou a eleição.

1996. Clinton contra Dole

Um estudante perguntou ao republicano Bob Dole se, aos 73 anos, ele não se sentia muito velho para entender as necessidades dos jovens. Dole respondeu que, na sua idade, inteligência e experiência significavam que ele tinha a vantagem da sabedoria. Clinton retorquiu: “Só posso dizer que não acho que o senador Dole seja velho demais para ser Presidente. É a idade de suas ideias que questiono.” Clinton foi reeleito.

2000. Bush contra Gore

No seu primeiro debate com o republicano George W. Bush, o Vice-Presidente e candidato democrata Al Gore recebeu críticas negativas por suspirar alto enquanto Bush falava. Gore reagiu no debate seguinte com uma postura muito mais rígida, perdendo autenticidade. Ao contrário de Bush, que conseguiu brincar consigo próprio e as suas apontadas falhas gramaticais.”Todos nós cometemos erros. Sou conhecido por mutilar uma ou duas sílabas”, disse Bush durante o segundo debate, pronunciando incorrectamente a “sílaba “de propósito. Bush ganhou a eleição.

2004. Bush contra Kerry

O último debate entre Bush e o democrata John Kerry ofereceu aos eleitores um grande contraste de estilos, com Bush a apostar em argumentos simples, enquanto Kerry desfiou uma série de factos para suportar os seus argumentos. Bush foi reeleito.

2008. Obama (e Biden) contra McCain (e Palin)

Numa primeira aparição de Joe Biden neste tipo de debates, Sarah Palin, candidata a Vice-Presidente do republicano John McCain, e Biden, então a concorrer como nº2 do democrata Barack Obama, entraram em confronto sobre a economia e o Iraque durante um animado, mas educado, debate.
Palin frequentemente exibia um estilo folclórico. A determinado ponto, dirigiu-se a Biden num tom considerado demasiado coloquial: “Ah, diga que não é assim, Joe”. Tanto Biden como Palin prometeram tornar a política económica dos EUA mais amigável para os trabalhadores da classe média, mas Biden lembrou que o candidato republicano John McCain considerava os fundamentos da economia fortes quando a crise financeira de 2008 estourou.
A dupla Obama-Biden ganhou a eleição.

2012. Obama contra Rommey
Obama pareceu ser surpreendido no seu primeiro debate com o republicano Mitt Romney, preocupando os seus apoinantes. Mas, no segundo debate, Romney, respondendo a uma pergunta sobre igualdade salarial de género, disse que tinha “pastas cheias de mulheres” possíveis candidatas a cargos de gabinete. A frase tornou-se um “meme” muito parodiado nas redes sociais, suscitando várias críticas à forma como Rommey se referira às mulheres. Obama foi reeleito.

2016. Trump contra Clinton

O primeiro debate entre Donald Trump e a democrata Hillary Clinton atraiu 84 milhões de telespectadores nos EUA, um recorde para um debate e um número raro na era do streaming digital. Uma troca de insultos dominou o segundo debate, com Clinton a criticar Trump por comentários sexualmente agressivos sobre mulheres que ele fez numa gravação vídeo de 2005.
Trump procurou desviar as críticas acusando Bill Clinton, o ex-Presidente e marido da candidata democrata, de ter feito bem pior com as mulheres.

2020. Trump “vs” Biden: confronto de insultos

O debate de madrugada da última terça-feira, entre o Presidente Donald Trump e o opositor Joe Biden, durou hora e meia e ficou marcado por acusações, insultos e interrupções, que deixaram o moderador da Fox News, Chris Wallace, à beira de um ataque de nervos. Ninguém esperava que os dois candidatos à presidência dos Estados Unidos trocassem “gentilezas” no primeiro debate das eleições de 3 de Novembro.

Mas o que aconteceu em Cleveland, Ohio, foi pior do que qualquer comentador tinha previsto. A primeira hora do debate, moderado por Chris Wallace, foi marcada por insultos e interrupções constantes, com Donald Trump a falar constantemente por cima de Joe Biden. “É quase impossível responder seja o que for com este palhaço”, disse Joe Biden, numa das ocasiões em que se mostrou mais exasperado.

Antes disso, já o candidato democrata tinha revirado os olhos e atirado “Vais-te calar, homem?”, quando Trump, mais uma vez, falou por cima dele. A dada altura, o moderador Chris Wallace levantou a voz e quase gritou, pedindo repetidamente a Donald Trump que deixasse o opositor falar. O Presidente mostrou que o estilo agressivo que o levou à nomeação republicana e vitória sobre Hillary Clinton, há quatros anos, é o mesmo que irá ostentar neste ciclo eleitoral.

No entanto, os comentadores da CNN - que transmitiu o debate - consideraram preocupantes e mesmo perigosas as posições assumidas pelo Presidente, nomeadamente as declarações feitas sobre milícias e supremacistas brancos. Quando Chris Wallace perguntou a Donald Trump se condenava as acções de milicianos e supremacistas brancos, o Presidente começou por dizer que sim, mas acabou por hesitar e depois afirmar o que foi interpretado como o contrário.

“Proud Boys, afastem-se e esperem”, disse, declarações que este grupo de extrema-direita imediatamente celebrou nas redes sociais, adornando os seus logotipos com as palavras do Presidente. A questão dos protestos pela violência policial foi uma das mais contenciosas no debate, com Trump a acusar Biden de querer abolir a Polícia e Biden a chamar “racista” ao Presidente.

De resto, todos os tópicos importantes das eleições foram abordados: a vaga no Tribunal Supremo e a nomeação de Amy Coney Barrett, os 205 mil mortos pela pandemia de Covid-19, a recessão económica e a polémica em torno dos votos por correspondência. Há mais dois debates: um a 15 e outro a 22 de Outubro. A questão de qual será a postura possível de Joe Biden perante o “bullying” que já é conhecido a Donald Trump, é pertinente.

Se responder na mesma moeda, o candidato corre o risco de ser acusado de baixar o nível até à lama. Se não responder, parecerá fraco. “Vocês têm o controlo para determinar no que é que este país se irá tornar”, disse Biden, mais uma vez falando ao eleitorado. “Ou se serão mais quatro anos destas mentiras”. Trump, que está atrás nas sondagens e parece dançar com a perspectiva de violência caso perca, disse algo que pode ser terrivelmente presciente: “Isto não vai acabar bem”.

Fontes: Jornal De Angola

Editor: Aires Cenas

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